Pensando moda #5: Toda geração tem o LABUBU que merece
O ursinho feio é o menor dos nossos problemas.
Eu me considero uma pessoa cronicamente online.
Eu percebo/recebo memes, piadas e imagens na fonte, digo, no Twitter (aqui não falamos x). Isso é ruim, mas é bom. É na internet que habita meu trabalho e meu hobby e com uma certa frequência eles se confundem, criando caos, folo, fomo e várias outras siglas (e cids) geracionais.
Dito isso, demorei consideravelmente pra reparar a onda do LABUBU. No início achava que era uma continuação do outrora popular adjetivo DELULU, mas não, era um trequinho de bolsa que hypou sabe-se lá como e agora as pessoas amam odiar (ou odeiam amar).
“#Labubu não é apenas um brinquedo. É uma ferramenta de memes transfronteiriça — misturando caos fofo, hype de celebridades e identidade da geração Z em um único recurso viral.”
Eu não sei quem iniciou essa trend, certamente alguma força pop asiática, mas eu comecei a ver a discussão por conte dela, sempre ela, Rihanna. Dito isso, não foi o dono do Labubu que inventou os penduricalhos de bolsa, essa trend oscila há muito tempo e, desde o ano passado, segue em alta, justamente por ser uma tentativa de customizar bolsas tão iguais de modas tão pasteurizadas que vemos por aí.
E vimos charms de tudo, de abacate a capivara, passando por versões chiques da Miu Miu até toda e qualquer versão da lojinha de R$1,99.
O que me causou espanto com essa comoção do Labubu, não foi sua declarada - e proposital - feiúra, mas pq as pessoas estão se chocando com um gimmick de moda que existe há tanto tempo.
Na minha época era o macaquinho da Kipling, todo mundo queria pendurado na bolsa e descobrir o nome do macaquinho do amigo. Depois vieram os Furbies, mais recentemente os bonecos de fur (fake?) da Fendi, daí a gente pode até colocar na roda os Tamagochi, menos fofos, que a gente pendurava na mochila da escola.
AGORA POR QUAL MOTIVO O LABUBU VIROU MOTIVO DE ÓDIO (E DESEJO)?
Esse tweet meio que sintetiza.
ELE SE TORNOU UM SÍMBOLO DECLARADO.
Estamos vivendo a economia da atenção e da ignorância (rs). Nossa personalidade e desejo pessoal estão sendo moldados através de algoritmos e virais. Quando a gente - turma da 7a b - estava vivendo os anos 90, a gente também era moldado pela atriz da tv ou pela colega mais descolada da turma, agora é muita gente ditando moda… e aí acontece isso.
No afã de ser, pertencer e, agora, PERFORMAR, as pessoas estão desesperadas para estarem no meio da conversa, seja comprando o tal Labubu e também sendo hater de Labubu. E é aquilo, todo mundo tem uma Labubuzice na vida fashion, o problema é quando todo mundo sabe (e a pessoa se orgulha de deixar registrado).
Qual é o seu Labubu?
Beijos,
Thereza!
Eu sou mais velha e lembrei de outra coisa: os tamagotchis que a gente “cuidava” no colégio. O macaco da Kipling é da geração do meu filho. Um pouco antes, teve os charms de bolsa que eram chaveiros mais discretos - e que você poderia usar como chaveiro. Agora é essa pelúcia gigantesca. Tudo símbolo de “pertencimento a um grupo”!
Tenho todos os macacos guardados numa caixa kkkkkk