Pensando Moda #1: Você não pode pinar uma personalidade
Um dia o debate sobre estilo pessoal vai ter um fim? Espero que não!
Esse mês tem sido profissionalmente lento pra mim. Alguns sabem que fiquei internada no Natal (prometo postar sobre o assunto na semana que vem), então janeiro tem sido tempo de refletir, mas também de organizar agenda, definir metas e prioridades, e ainda de quebra cuidar de uma criança no modo férias. Mas se tem uma coisa que não abro mão… é o FASH!Mail.
Esse espaço é mais que um local de escrita e compartilhamento de ideias, é meu refúgio criativo, local que consigo escrever sem barreiras ou, principalmente, algoritmos. Pra mim, escrever aqui é a fina flor do que é ser criadora de conteúdo, especialmente aquela que ainda se apega ao passado da comunicação (aka escrita rsrs) e tem quase uma inocência que esse é o melhor caminho.
Dito isso, olho nossos 2 posts semanais com carinho e tento equilibrar posts mais profundos, com casualidades, entretenimento, informação e pesquisa. Uma miscelânea de ideias que pra mim tem que fazer valer o envio na concorrida caixa de email de vocês.
E isso às vezes me deixa tolhida. Penso que na maioria das vezes tenho que fazer posts longos, mas quero que 2025 seja mais fluído. Posts mais concisos e que comuniquem uma ideia, seja ela qual for, sem firula.
E há um tema específico, diria, meu favorito: moda, é claro! Por isso criei essa tag "Pensando Moda”, pra compartilhar pequenas reflexões de moda em tempos de transição como esse. Época de microtrends, aesthetics e cores que teimam em generalizar nosso vestir. Essa tag também eventualmente surgirá em reels no retorno do nosso #TTtalks, mas aqui no FASH!Mail vem, logicamente, em primeira mão.
Então nosso Pensando Moda vem a qualquer momento da semana, no conforto da sua caixa de email pra gente repercutir e refletir pequenas grandes pautas de moda.
“Pessoas com estilo e gosto impecáveis não fazem da moda e do materialismo sua personalidade inteira porque têm 1000 interesses de nicho que contribuem para construir esse nível de gosto e estilo.”
Li esse tweet outro dia e pensei: taí, uma grande verdade e que nem sempre a gente realiza. Daí refleti e, apesar da pauta “estilo pessoal” ser um eterno tópico de debate fashion, quis dar mais 2 centavos também, afinal, o que de fato forma nosso estilo pessoal? É aquela roupa que a gente quer comprar ou é a nossa personalidade que vai se formando ao longo da vida? É a estética do momento ou uma influência externa e aleatória como uma foto antiga que você viu da sua avó ou aquela exposição repleta de cores, texturas ou imagens? É ter um armário abarrotado de peças da vez ou é ter referências off-moda que incrementam nosso estilo com mais interessância?
Quando você olha, por exemplo, uma Kelly Rutherford, que falamos aqui recentemente, notamos o excesso de modismos vigentes ou uma mulher vivida e que traduz sua tal vivência - okok, riiiica vivência - em peças polidas e que equilibram o casual com o fashion com louvor?
Uma obsessão chamada Kelly Rutherford
Serena van der Woodsen ou Blair Wladorf? Enquanto Blake Lively caiu numa ~desgraça temporária por conta do seu último filme (um fenômeno de bilheteria, vale dizer) e Leighton Meester segue num planejado autoexílio
Tudo bem, essa minha reflexão sempre tenta se afastar do factual rico privilegiado e que frequenta galerias de arte no Chelsea (assim é fácil!!!), mas não vamos tão longe assim. Já xperimentou pegar seu álbum de fotos antigas e observar o estilo da sua mãe ou da sua avó? Elas certamente viviam em tempos menos analógicos e urgentes e você ainda assim conseguia identificar o estilo pessoal de cada uma. Sem referências, povs ou fast fashions para amontoar um guarda-roupa, mas um estilo pessoal mais pujante e único.
Não sei explicar, queria uma newsletter curta, mas fico aqui pensando em voz alta sobre como esse tweet me pegou e desdobrou em mil pensamentos.
E, o meu favorito vem num reply dele: Não não podemos pinar uma personalidade. Sair pelo mundo, explorar culturas e acumular experiências refletem - a longo prazo - no nosso estilo pessoal sim. Vestir seguindo apenas as estéticas vigentes, sem questionar ou experimentar variações, é vestir um uniforme escolhido por outra pessoa que não você. E uniforme era tudo que a gente NÃO queria mais usar na 8a série, por que regredir?
Estilo pra mim não é apenas a nossa personalidade, é reflexo variável dela (um dia a gente acorda camp e no outro quer apenas tapar as partes íntimas e viver). Estilo pra mim é uma equação sobre essas tais experiências variadas, acrescido a doses de experimentações e multiplicado por uma eterna curiosidade. E pra vocês?
Beijos e boa semana!
Enquanto li, passou pela minha cabeça o quanto meu gosto por comprimentos mini e vestidinhos vem do meu imaginário infantil. Minha mãe amava shorts e saias mini, enquanto minha irmã era rainha dos vestidinhos floridos dos anos 90. Mas, paralelo a isso, penso no quanto as micro tendências tiktokianas vem de encontro a uma geração muito menos exposta a obrigatoriedade de uniformes escolares que de fato uniformizam geral. Explico: pelo menos aqui em SP, há muita escola q não exige uniforme, ou que tem muitas opções ~customizáveis. E como professora, vejo o quanto as crianças, ao invés de buscarem o que as diferenciam, buscam os que as unem nesse mar de individualidades. Esse pensamento tbm foi atravessado por uma análise que li recentemente sobre a desmobilização da classe trabalhadora, que cada vez mais longe dos offices, não se entende mais como classe.
Tô até tonta sem saber explicar o tanto que seu post rendeu na minha cabeça, The!
Eu sempre penso que não existe estilo se não existir antes uma pessoa, e justamente isso diferencia do figurino. Desse jeito, só da para pensar em estilo a partir do que a gente vai vivendo, se interessando, se atraindo, sempre no gerúndio e para além da roupa! ❤️