O peso e a leveza dos 40 anos
Os marcos temporais da vida adulta carregam estigma, mas podem ser vistos com leveza (ou como apenas números).
Ano passado fiz 40 anos (a foto acima foi bem na semana da data).
E aos 30 anos, fazer 40 parecia assustador, tão distante, um marco, uma virada de chave, medo, angústia, expectativa mas, se você ainda não fez, trago spoilers: nada demais, pelo contrário, chega a ser libertador… “ah é só isso?!?”.
Lógico que cada caso é um caso e venho aqui compartilhar o meu. Meus 3 marcos temporais da última década que foram um paralelo significativo com minha vida profissional, amorosa e de saúde.
30 anos, uma nova empresa e agora um marido
Fiz 30 anos em 2012 e confesso que foi mágico, aquela mudança da garota dos 20, pra uma mulher de 30 anos madura, bem sucedida e… casada! Casei com 29 anos e 10 meses, depois de 9 anos de um intenso e adorável namoro, me sentia pronta, na realidade era quase urgente (quando o outro lado é libriano, precisamos apressar as coisas rsrs).
Mas o que mais marcou na virada dos 30 foi a mudança de carreira. Esta ocorreu de fato aos 28, mas esses dois anos foram de intensa atividade profissional, social e emocional. Houve quem se deslumbrasse, houve quem se resguardasse e houve quem curtisse, e eu curti cada momento e com a energia de uma trintona, que é basicamente a energia de uma jovem com um pouco mais de dinheiro e autoestima.
35 anos, do apogeu ao caos
Eis que depois de 5 anos muito bem estabelecidos entre amor, publis, viagens e reconhecimento, eis que surge os 35 anos e eu não sabia que seria tão difícil. Primeiro no trabalho, 2017 foi um ano de revolução pra quem vive de internet, novos fenômenos, redes sociais transformadas e quem não se reinventasse e jogasse o jogo, ficava pra trás. Eu muitas vezes me vi pra trás e isso percebo hoje.
Mas o pior mesmo foi o ser-mulher-aos-35-anos-anos. “Você ainda não tem filho?”, “Já congelou seus óvulos??”, “Se você não engravidar agora, vai ser muito difícil pra você, por conta da sua idade e sobrepeso”, essa última frase dita pelo meu até então ginecologista de uma vida toda que sabia o quão saudável eu sempre fui.
Me senti pressionada como nunca na vida.
De fato, Rodrigo e eu sempre pensamos em ter filho depois de 5 anos de casados, aka meus 35 anos. Queríamos viajar muito, montar nosso apartamento e curtir mais essa fase antes do próximo passo e a razão era basicamente essa, não pq eu seria uma “gestante idosa” ou teria uma “gestação tardia”, acredite, esses rótulos existem oficialmente e são dados depois dos 35-37 anos. É absurdo e um peso enorme sobre a mulher.
O irônico - e caótico - é que foi justamente aos 35 que descobri tudo isso. Da suposta maior dificuldade de engravidar, de como congelar os óvulos era caro (e de como eu deveria ter feito antes dos 30, período ideal). Me senti burra e atrasada, isso tudo pq sempre me achei curiosa e descolada. Mais um “falhei!” pro check dos 35 anos.
E sem querer transformar essa humilde newsletter na pauta maternidade. Engravidei de forma natural aos 36, perdi. Engravidei aos 37, ganhei Maria Eduarda. Apenas uma frase pra resumir minha vida nos últimos 5 anos e compartilhar que tudo que passei trouxe trauma, mas também aprendizado. Quem me acompanha no blog ou Instagram sabe que eventualmente falo sobre essa pauta, pois justamente não quero que nenhuma mulher passe pelo que passei, pelo que minha geração passou.
Hoje em dia é uma pauta menos tabu, mais comum e tratada de forma mais natural, mas outro dia não era (e esse dia foi há apenas 5 anos). Portanto, o que eu posso dizer é: se cerque de pessoas bem informadas, bem intencionadas, procure por médicos (eu diria médicAs!) que te acolham, informem sem aterrorizar, entendam seu tempo, vontades e possibilidades. Eles vão te consultar melhor que qualquer estatística ou manchete sensacionalista. Prometo que depois dos 35 vem os 40, e isso é ótimo!
40 anos, sem medo de ser feliz
Subtítulo cafona à parte, fazer 40 anos é libertador e eu não fazia ideia… até fazer! É incrível que depois do tal turbilhão dos 35, 40 anos é basicamente uma afirmação de vida, de viver, é florescer de forma mais impetuosa, é desabrochar sem medo de julgamento ou rejeição. É se libertar, sem restrição ou prazos, é quase uma urgência em ser feliz e isso tem sido maravilhoso.
*Percebam que sou muito empolgada falando sobre o tema.*
Não, 40 anos não é só poesia, eu sigo hipocondríaca (ter filho aumentou esse drama em 829379%), nem sempre a energia vem depois de um café ou Coca-zero, a insônia comanda, mas ainda assim há um descompromisso generalizado em querer se encaixar!
40 anos é quase um grande botão de fod@-$&* pra vida ou julgamentos ou pessoas em geral
Depois dos 35 e quando tentam nos enfiar numa caixa cheia de PRAZOS e deadlines, 40 anos anos é aquele happy hour que você quer logo encerrar o expediente, descer do salto e curtir um drink qualquer.
Bom falo isso do alto dos meus 40 anos, 9 meses e muito privilégio, mas o que eu mais tenho lido e conversado é justamente essa sensação de libertação, não é nem sobre autoconhecimento (pq a essa altura da vida às vezes é melhor sublimar certas informações rs), mas sobre se importar menos e viver mais…
É isso, escrevendo e lendo meu próprio texto, sinto que 40 anos nos traz confiança e conforto em ser quem a gente quiser e isso é bom demais, recomendo!
Quando vamos querer parecer ter a idade que temos?
Queria aproveitar o tema e a reflexão e deixar um post de 2017 (eu com 35 rsrs) do Fashionismo que surgiu depois que reassisti a novela Por Amor e uma conversa entre mãe e filha, afinal, quando vamos querer parecer ter a idade que de fato temos? É um dos posts mais bonitos que escrevi lá no blog, tenho muito orgulho dele e da repercussão na época e casa muito bem com esse assunto.
As comédias românticas aos 40
Anos 2000 e o auge das comédias românticas. Ser contemporânea de Anne Hathaway e grande elenco que povoou nossas telas de cinema e sessões da tarde com seus filmes adoravelmente bobos e que marcaram uma geração.
Na década 2010 eles andaram adormecidos e perderam espaço para blockbusters que envolviam heróis, sangue e fantasia. Como uma nobre entusiasta de rom-coms, me senti órfã. Também se dizia que com o, digamos, “auge” do feminismo não colava mais protagonistas bobinhas indo atrás de príncipes encantados. Algo que não concordo, afinal, é possível criar uma protagonista determinada, inspiradora, com final previsível e ainda agradar aos fãs do gênero. A realidade é que os tais Universos e Trilogias rendem mai$.
Mas eis que nos últimos 3 ou 4 anos, nossa tela foi repovoada de uma nova leva de filmes contemporâneos. Netflix e outras plataformas de streaming lotearam a tv com filmes que agradam da turminha high school às quarentonas de meia idade…
Peraí, quarentonas já estão na tal crise da meia idade?? É o que afirma essa chamada da Veja dessa semana pra repercutir o filme "Na sua casa ou na minha”, com Reese Witherspoon (46) e Ashton Kutcher (45).
Fui checar mais infos sobre a infame expressão, “criada em 1965 para descrever uma forma de insegurança sofrida por alguns indivíduos que estão passando pela meia-idade, na qual percebem que o período de sua juventude está acabando e a idade avançada se aproxima”. O período que de um adulto na meia idade? Dos 45 aos 59 anos.
Então sai a “balzaquiana” (que teve origem após a publicação do romance “A Mulher de Trinta Anos”, do escritor francês Honoré de Balzac) emenda com a quarentona e depois já deslancha pra uma crise da meia idade que termina aos 59, ufa… #SQN até virar 60 e a gente entrar na terceira idade e assim notarmos que vivemos uma vida inteira enfiada em caixas, rótulos e estereótipos.
E a gente não tem um minuto de paz.
E a vida passa.
Vamos falar de filmes…
Voltando ao tema filme e já que o Carnaval vem aí, pra quem não é da folia, vale falar mais um pouco sobre o tal filme da Netflix.
Impressionante como 2 atores cheios de carisma, história e identificação com o público, tiveram o total de zero química. Acho que o problema nem foi com eles, mas com a história do filme de ser basicamente uma amizade à distância, faltou aquela emoção, aquela fagulha pra gente torcer, é beeem morno! Recomendo apenas se você não tiver rigorosamente nada o que fazer. Vale dizer que Reese não muda (de cara e de jeito, sempre a mesma personagem rsrs) e Ashton Kutcher, que andava sumido, está mais maduro charmoso e menos despojado, sabe? Bom, ao menos o seu personagem que, vale também dizer, tem um apartamento lindo no Dumbo.
“Certas Pessoas”
Se for pra assistir uma comédia romântica, mas com uma temática mais contemporânea, com Los Angeles como pano de fundo e uma trilha excepcional de Rap, ainda fico com “Certas Pessoas”, outro lançamento da Netflix.
Estrelada por Jonah Hill (que anda um charme!) e Lauren London (outra graça e com super star quality), vale dizer que o elenco é OUTRO nível! Tem basicamente Eddie Murphy, Julia Louis-Dreyfus (minha eterna old Christine), David Duchovny e até o pai do Ross e da Mônica rsrs
Ele é bem mais pegada no humor rápido e ácido e foca no relacionamento inter-religioso entre uma mulçumana preta com um judeu branco e todos os desafios e preconceitos da sociedade, mais especificamente das famílias. As reflexões contemporâneas são interessantes, mas ainda muito superficiais que logo são distraídas com a dose de humor. É um filme obviamente previsível, mas ainda assim um pouco diferente do padrão rom-com.
»» WISHLIST
A collab entre a Ruela e a Kopch, totalmente apx pela estampa de tigre.
Os vestidos da The Lilie, urge uma festa à altura!
Por favor, se for pra me mandar flores que seja da Ermetica, vem embrulhada em folha de revista e ainda tem uma caixa super cool. Precisa nem ser peônia!
Por falar em presentes, a The Goodies é um e-commerce super fofo e cheio de presentes criativos, que vão do chocolate com embalagem diferente à porcelana descolada.
Sou apaixonada pelas bijoux da Isa Bahia, diferentes, criativas e ainda não são uma facada no orçamento.
Beijos, bom carnaval e até dia 01/03 ou a qualquer momento!
Thereza!
The do céu!
essa semana eu tive uma imensidão de notícias boas - que eu tenho chamado carinhosamente de 'tiraram finalmente meu nome da boca do sapo'. E tenho pensado muito sobre como os 31 me caíram bem. Casei, encerrei um ciclo acadêmico importante, passei num concurso que queria muito, e que vai me possibilitar mudar várias coisas na vida...
Gosto muito de ler suas reflexões, balizou minha chegada aos 30. Lembro de ler esse texto sobre parecer ter a idade que temos e que nesse dia eu tomei uma decisão: eu não ia fazer como minha tia mais nova e mentir a idade por anos e anos a fio (minha tia teve 28 por 9 anos, e depois ficou com 32 até fazer... 50!). Comemorei os 30, mas sem o alarde do 'de repente 30', pq não foi de repente, os 20 não foram tão legais comigo assim (pelo menos o pós 25, sendo justa). E toda a gentileza com que recebi essa década está voltando pra mim =)
Obrigada pela reflexão,
aguardo ansiosa por todas as que ainda virão, pois eu amo saber de vc como está a água aí no futuro!
Um abraço cheio de carinho de quem ama receber email seu,
Su
Texto maravilhoso, intenso, sincero... adorei acompanhar essa linha do tempo nem sempre fácil, mas lindamente evolutiva da sua vida entre os 30 e os 40! Ainda estou patinando no Substack, mas escrevi sobre um sentimento que surgiu ao completar 40 e que eu chamei de 40’s shame. Inicialmente não tive esse alívio ao fazer 40, mas sim muita cobrança e uma necessidade de rever o meu caminho, saber porque muita coisa deu certo, porque muitas outras deram errado e no que vale a pena apostar nessa etapa da vida.
Que os teus 41 anos sejam ainda mais especiais!
Sou muito feliz de poder te acompanhar por aqui!