Novos caminhos da influência
"O objetivo é voltar à raiz do que realmente significa ser um criador de conteúdo.”
Em 2019 eu criei uma série de workshops e um e-book que falava de produção de conteúdo digital e nele citava a 1a onda do PAYWALL, vindo diretamente de jornais e revistas.
Agora jamais imaginaria que estaria surfando nessa segunda onda, a de influenciadores que apostaram no formato “SUBSCRIBE”, como dito na matéria de ontem do Business of Fashion, “O que está impulsionando o boom de assinaturas de influenciadores”. Antes de falar a respeito, um trecho do meu ebook.
JÁ OUVIU FALAR EM PAYWALL? Nessa parede tem uma catraca. Bom, quase isso. Paywall é o futuro do jornalismo na internet e a salvação para grandes empresas de mídia que perderam espaço e assinaturas. Do que se trata? Pague para ler.
Bom, por toda nossa vida analógica pagamos para ler o Gibi da Turma da Mônica, as revistas de moda e comportamento e os jornais, certo? Com o advento da Internet , esses grandes veículos perderam força offline e seu conteúdo digital ficou gratuitamente espalhado. Financeiramente falando, essa conta passou a não fechar
Nos últimos anos, vimos dezenas de publicações fazendo demissões em massa, limitando títulos e marcas, trabalhando exclusivamente no digital ou até mesmo encerrando sua função como um todo. A internet é livre – graças a Deus – mas tem um custo e essas publicações precisam cobrar por ele.
Com isso, fez-se o paywall, que nada mais é que a monetização de conteúdo, uma “parede” que restringe os visitantes aos principais conteúdos de seu domínio. Quer acessar? Tem que pagar. Geralmente, existem modelos e formatos de assinatura para uma quantidade determinada de matérias ou livre acesso a todo o conteúdo do tal portal.
Sem dúvidas você já esbarrou num paywall de grandes veículos como Business of Fashion ou Folha de São Paulo. Eles tem crescido diariamente e tem sido a revolução financeira para essas grandes empresas que vinham sobrevivendo com dificuldade nessa era digital.
Um dos grandes cases do segmento é o jornal The New York Times, um dos pioneiros do uso da ferramenta. Em 2018 foi publicada uma matéria revelando que o formato de assinatura do jornal cresce 19% por ano e conta com mais de 2,54 milhões de assinantes, gerando um faturamento de U$400MI/ano e a estimativa é dos números duplicarem em 2 anos.
Se você analisar pelo lado do público, pode achar errado cobrar por algo que se tem de graça, mas já imaginou a Netflix serem assim também? Pois bem, texto é tão conteúdo quanto uma música ou série e ele precisa ser monetizado. Óbvio que continuaremos tendo conteúdo gratuito digital, mas é preciso ordenar a casa para as contas fecharem e veículos de qualidade sobreviverem, logo, crescerem e contratarem.
É importante salientar que, com o pagamento dessas assinaturas, mais do que nunca o conteúdo precisa ser especial, bem produzido e que seja mesclado com conteúdo gratuito. Mas é importante levar em conta que não se pode começar um veículo assim, é preciso oferecer conteúdo gratuito, cultivar uma história, construir uma comunidade e se fazer indispensável para o seu público, assim sendo, um paywall ou similar se torna uma consequência.
Creio que essa seja uma boa notícia e perspectiva especialmente para pequenos produtores e que podem contar com o apoio e financiamento de sua própria audiência para se manter produzindo conteúdo de qualidade. Não tem problema algum em cobrar pelo seu conteúdo, desde que ele seja único, autoral e bem produzido.
Agora às vésperas de completar um ano que lancei a versão Premium do FASH!Mail, fico feliz em ler essa matéria de um veículo prestigioso como o Bof. Afinal, particularmente falando, desde que tive filho, desde que a pandemia mudou a vida - ou perspectiva dela - de todo mundo, escrever aqui é meu trabalho favorito.
Mesmo seguindo com minhas eventuais publicidades no Instagram, segmentando cada vez mais parceiros e contratos, aqui reside o que mais gosto de fazer: escrever, compartilhar ideias, reflexões, dicas, novidades, pontos de vista ou um entretenimento qualquer.
E se minha versão escrita lá no site do Fashionismo vem guiando minha carreira e vida por mais de uma década, esse formato assinatura veio num momento mais que oportuno na minha vida. Agora, mais que nunca, posso conciliar a escrita com o negócio, e sem depender de nenhum intermediário, apenas a ponte da confiança de vocês com a minha dedicação em entregar o melhor conteúdo que posso fazer.
Por muito tempo fui reticente a esse método, me sentia até trouxa em não dançar conforme a música do mercado em vários aspectos, mas é bom mudar, se adaptar, mas sem perder a essência do conteúdo de verdade jamais.
“O que está impulsionando o boom de assinaturas de influenciadores? À medida que os usuários das redes sociais ignoram os anúncios, os influenciadores colocam mais conteúdo atrás de um acesso pago. A esperança é que eles possam construir uma conexão mais profunda com seus seguidores – e ganhar dinheiro também.” Bof
E o boom desse formato compactua 100% com meu ideal na hora de lançar o FASH!Mail: ter mais autonomia e independência de algoritmos; prestigiar quem me prestigia (vocês!); ser seletiva nos publis que posso declinar. “Com a ajuda de plataformas como Substack e Patreon, mais influenciadores estão colocando conteúdo atrás de um acesso pago e cobrando taxas simbólicas, mas transformadoras, de assinatura mensais.”
Segundo o Business of Fashion, essas assinaturas permitem que os influenciadores criem um fluxo de receita que não depende de anúncios ou links afiliados e reservam mais conteúdo pessoal para os seguidores mais devotos. Se a tendência continuar, dará aos influenciadores mais controle e autonomia sobre as suas carreiras, bem como a capacidade de serem mais seletivos nas suas parcerias de marca.
“Por mais que amemos nossos parceiros de marca, agora chegamos ao ponto que viramos basicamente uma atriz comercial roteirizada. Ter um Substack é voltar à raiz do que realmente significa ser um criador de conteúdo” - Jacey Duprie
E eles ainda reforçam que a onda é forte justamente no mundo da moda, com as assinaturas do segmento tendo um aumento de 80% no último ano aqui no Substack. Nomes clássicos dos blogs de moda, como Joanna Goddard, do “Cup of Jo” e Leandra Medine, do extinto “Man Repeller” voltaram a ganhar tração aqui nessa rede justamente por driblarem a onda das fotos e reforçarem o ideal de escrita como ganha pão.
Elas são blogueiras da minha geração que vem investindo nesse formato e adoraria ver essa febre entre vizinhas brasileiras. A Lu Ferreira tem sua HABRA por aqui também e semana passada eu estava incentivando a Carla Lemos a fazer seu Substack.
“Desde os primeiros dias das redes sociais, existe uma tensão crescente entre os influenciadores e as plataformas que os tornaram famosos. Aplicativos como Instagram e TikTok são configurados para chamar a atenção máxima, mas podem ser agnósticos sobre quais criadores recebem esses olhos ou se podem lucrar com isso.
Inúmeros criadores viram seu público ser destruído por ajustes no algoritmo ou uma mudança no vídeo. Com isso, muitos influenciadores estão mais que satisfeitos com o Substack, pois eles tem algo que pode ser difícil de encontrar numa rede social: controle.” - Bof
Então para os saudosos de um bom texto, aquele post envolvente, aquela conversa tal qual uma dica amiga, o formato Substack é um respiro em meio a tantos vídeos, trends e virais. Aqui no FASH!Mail tento, de forma equilibrada, mesclar conteúdo gratuito com pago pra valorizar a todos que me prestigiam e só tenho a agradecer a quem está comigo há tanto tempo - ou há pouco tempo!! seja bem-vindx - e apóia esse tipo de conteúdo! Que tenhamos mais e mais pessoas olhando pra esse formato, blogueiras das antigas ou uma nova geração que se sinta inspirada em criar, logo, compoartilhar, conteúdo!
Beijos, Thereza!
O substack se tornou meu lugar preferido na internet, da msm aquela sensação de blog de antigamente e com ctz a liberdade da assinatura é que garante isso - conteúdo que não precisa ser td patrocinado, mais espaço para falar sem tantos freios, etc. Tô amando fashionismo aqui (e assinando, óbvio).
Adorei sua análise! Ótimo saber que veículos como o BOF estão oferecendo comentando sobre o Substack e seus escritores.
O que eu particularmente ainda estou tentando aprender é como promover minha página e meus textos em outras redes - nas quais os usuários não estão, necessariamente, procurando conteúdos de texto. pode ser uma percepção particular, mas acho mais difícil crescer nessa rede aqui!