Moda em tempos de apocalipse climático

Primavera/Infern0

Lembro que o mês era abril, aquele calor de rachar resquício do verão, eu fui na Zara e ela estava com sua nova coleção (sempre é tempo de “nova coleção” numa fast fashion), repleta de peles, pêlos, pelúcias, volumes e texturas, daí pensei: estamos debatendo um calor de matar a bordo de casacos de pêlos em pleno verão carioca?? Nada disso é novidade, coleções vem e vão, mas esse calor atemporal é o novo normal e mudanças precisam acontecer.

As coleções pret-a-porter desfiladas na #NYFW, mas também da loja do seu shopping favorito, são divididas em 4 lançamentos por ano, mas nada disso funciona como antigamente, visto que as 4 estações não obedecem mais nem uma letra de Sandy & Júnior.

“Até 2030, eventos climáticos extremos - e cada vez mais comuns - podem colocar em risco US$ 65bilhões em exportações de vestuário e eliminar quase um milhão de empregos em quatro economias que estão entre as mais importantes para a indústria global da moda.” - Business of Fashion

Vamos falar de números? O aquecimento global excede seu nível atual de 1,1°C acima dos níveis pré-industriais, com isso, o crescimento da produtividade tende a cair. Com os níveis de aquecimento global potencialmente atingindo 2,2°C até 2050, os níveis globais do PIB podem ser reduzidos em até 20%, enquanto o aquecimento de até 5°C até 2100 pode levar à "aniquilação econômica", de acordo com a Oxford Economics.

Dos países mais afetados por desastres relacionados ao clima, o Brasil sil sil conseguiu o * TOP10 *, ocupando o 9o lugar. Coisas que podem acontecer com a transformação climática, vão da cadeia de trabalho cada vez mais deteriorada até a extinção de matérias-prima básicas pro mercado de moda, como o super popular - e sensível - algodão. Esse clima apocalíptico é uma ameaça às cadeias de suprimentos que pode aumentar os custos, limitar o acesso a matérias-primas e interromper a produção.

A newsletter de hoje é a bordo de um look fast fashion, mas com a mão total na consciência refletindo sobre um futuro de menos consumo, ainda na moda. É possível?