FASH!News: O Grammy, o Baile da Vogue e o dresscode
Esperando mais, até não esperar muito...
Como uma pessoa que acompanha com afinco o red carpet há 16 anos, afirmo: tá tudo diferente. E que bom, as coisas são mutáveis, se adaptam, chega uma nova geração, o feed do absurdo, fashion films, novos estilistas, stylists… nada é igual para sempre.
Dito isso, acredito que estamos numa entresafra criativa, fashion e ainda carentes de novas estrelas, nomes e até mesmo formatos.
E como no final de semana tivemos GRAMMY e BAILE DA VOGUE, a newsletter de hoje mescla esses dois universos.
BAILE DO GRAMMY
Eu simplesmente amo o tapete vermelho do Grammy, pois ele é o equilíbrio perfeito da ousadia, criatividade e loucurinha de um VMA, com a elegância, sofisticação e A+ list de um Oscar. Saudades quando a Lady Gaga inovava, quando a Rihanna encantava ou quando a Beyoncé riscava o tapete vermelho e não entrava pela lateral.
Corta pra 2024… que tapete XOXO, MANCO E CAPENGA.
Disse no Twitter que precisava conhecer a nova geração pra entender melhor a energia de cada popstar, pq MEU DEUS DO CÉU, muita coisa sem graça, sem carisma e sem apelo.
Mas mesmo assim, como é de costume, vamos ver os destaques da noite.





A MELHOR DA NOITE, A MAIS FLORIDA E CARISMÁTICA: Miley Cyrus usou não apenas 1, como 5 looks e todos a cara dela, do jeito dela, sem precisar forçar ou se esforçar. Meu favorito foi justamente o look da apresentação de Flowers, um Bob Mackie que emula a energia popstar da cantora que certamente atravessará gerações.
Também gostei do Margiela sob medida que ela atravessou o tapete vermelho e o Gucci marrom com sua bolsinha providencial que ela sempre anda a tiracolo. Miley salvou a noite!
Quando eu vi a Taylor Swift com esse Schiaparelli couture e com um styling diferente do que ela costuma usar, fique impressionada, confesso. Achei uma Taylor diferente da fofurice, do paetê e cores, que lhe é peculiar. No geral, esse ideal luvas pretas pra contrapor um look, é um styling mais que manjado, mas nela até funcionou pelo fator surpresa.
Eu gostei dos colares, em especial do que tinha um mini relógio. A sandália foi totalmente a sandália errada, mas o cabelo… de início eu entendi que era pra ser uma coisa punk sujinha rs, mas depois li no Twitter uma “teoria” que era pra mantar ela mais relatable aos fãs com um penteado qualquer rs, nada me tira da cabeça e achei que ela poderia mais, afinal, isso depõe contra um belíssimo exemplar couture Schiaparelli que ela usa pela primeira vez.
Dito isso, apesar de reconhecer o esforço da queen pra sair da sua zona de conforto, ainda acho que esteticamente e red carpeticamente falando, nunca está impecável e 100%, sabe? E talvez seja isso mesmo que ela queira transmitir, e tá tudo bem.





Agora pra não ficar uma longa newsletter, na galeria tem alguns outros looks que gostei e valem o registro, não são muitos, mas serão lembrados.
BAILE DA VOGUE
Quem acompanha a internet fashion há pelo menos uma década, sabe que o Baile da Vogue sempre foi o “talk of the town” que precede o esporro carnavalesco. O popular baile pré-carnavalesco da revista Vogue, existe há quase duas décadas e anteriormente era centrado no high society paulistano. E esse fascínio e exclusividade vinha justamente desse mistério do que acontecia nos secretos salões do Hotel Unique.
Com o advento digital no início dos anos '10, logo deu espaço à blogueiras, personalidades da mídia e tudo ainda exclusivo e um mix aspiracional da nata da sociedade, da nata digital.
O tempo passou, e mais recentemente o Baile ficou mais pop que nunca, virou uma festa proeminente, com muitos patrocinadores e até ingressos à venda. Normal, afinal, a Vogue é mais que uma revista e A marca a ser vinculada. E aí que nesse universo de publis e eventuais subcelebs, o Baile perdeu o tal aspecto exclusivo e secreto. E tudo bem. Minha questão com o Baile é outra.
Tecnicamente, um Baile de Gala com tema, tem a função de ser um meio termo perfeito entre o black tie e a fantasia. A criatividade e a pesquisa precisam andar lado a lado e criar um look que não seja apenas um lindo vestido de festa, mas também não chegar a ponto de ser uma fantasia alegórica à la Halloween.
É basicamente a mesma energia do soberano MET GALA. Tem um tema, um dresscode e a possibilidade de ir além do look que você iria numa festa qualquer. É mágico, mas exige um cuidado e estudo do tema.
Pra mim, o dresscode de um baile como o da Vogue é uma oportunidade de MIMETIZAR um look de gala com o ideal carnavalesco, mas sem necessariamente cair pra fantasia oficial, sabe?
Se antigamente (e leia-se antes das redes sociais), era necessário apenas uma headpiece, uma capa e/ou um acessório que te incluía no tema, com o advento do Instagram foi preciso ir além. Lembro com carinho, por exemplo, da Sabrina Sato que sempre foi a essência da exuberância de até se fantasiar, mas estar entregue à brincadeira. Ou até mesmo da Thassia Naves, que sempre ousou e foi o equilibrio perfeito dos looks de gala, mas dentro do tema à perfeição.
A questão é que atualmente, pra mim, tudo parece mais fantasia mesmo. Do Copa direto pra Sapucaí. E tudo ótimo, afinal, é Carnaval, maaaas, ainda é um Baile de Gala Pré Carnaval e não um Baile à fantasia. Parece que na sanha pelo “feed do absurdo” que já falamos aqui, as pessoas estão preferindo ir no literal de pendurar um abacaxi no pescoço do que estudar o tema, voar e encantar.
É um mínimo detalhe, mas eventualmente parece preguiçoso não equilibrar essa balança do look de gala fantasioso e não fantasiado, entende?
Vou reproduzir aqui alguns tweets que resumi sobre:
Ainda pensando sobre o Baile da Vogue e reflexiva sobre como antigamente todo mundo queria que as pessoas se esforçassem mais e hoje parece que elas se (es)forçam DEMAIS.
Acho que as pessoas estão cada vez mais confundindo o BAILE DE GALA com uma FESTA A FANTASIA. A meu ver nem há nem uma linha tênue nisso, mas sim diferenças claras entre um look de gala baseado num tema x, com uma fantasia, por mais maravilhosa que seja, carnavalesca.
Dito isso, acho que a Vogue deveria oficializar mais (de repente já oficializa e eu não sei) como uma festa à fantasia mesmo, pq aí é claramente um Baile de Carnaval e tá perfeito. Só que daí perde um pouco do ~misticismo das eras mais analógicas do Baile no Unique. Tempo que gerava grande fascínio.
E acho que essa talvez seja uma das razões do Baile ter saído da boca do povo (antigamente virava o dia nos TTs, insta de fofoca, gnt…). Se tornou apenas mais um baile carnavalesco bem intencionado e menos um ball gown versão tropicalizada do baile de Met.
Ahh, e é culpa da Sabrina Sato tb rss todo mundo quer ser ela, mas só ela é ela!! A sabrina satização das pessoas.
E por último vou pontuar uma coisa aleatória e eventualmente polêmica: Acho que esses grandes eventos em geral, seja uma super premiação ou uma festa qualquer, perderam a espontaneidade com os fashion films ou fotos feitas em estúdio com cenário criativo e etc.
É que pra mim, um belo, exuberante e impecável look tem que vencer no backdrop do evento e não depender de edits, luz, performance, curta indicado ao oscar, enfim. Acho que um conteúdo desse, que anda cada vez mais profissa e bem feito, pode chegar depois justamente contextualizando o look, tema e idéia. Tipo um plus, um extra, como o próprio Met Gala que faz os seus e publica depois.
No próprio Baile da Vogue, depois me mostraram um caso perfeito que exemplifica isso: na foto editada e cheio de efeito o look era lindo, mas no backdrop só dependendo da luz do fotógrafo…. puxaaado!
Enfim, é um assunto a se pensar e nesse ano pensei assim e amaria ler outros pensamentos sobre o tema!
Beijos e boa semana pré-carnavalesca!
Thereza
A Miley abalou né? Já assisti o vídeo dela cantando mil vezes!
muito bem pontuados os seus comentarios sobre o baile da vogue!! concordo 100%