Depois da vulnerabilidade, a relatablização*

A moda era ser vulnerável, agora é ser identificável!

O ano era 2019 e Brené Brown tinha o documentário mais assistido da Netflix. O “The Call to courage” ou “O poder da coragem” era uma ode à vulnerabilidade, palavrinha que logo ficou popular - e necessária - em tempos tão editáveis e filtrados.

“Vulnerabilidade é a característica de quem ou do que é vulnerável, ou seja, frágil, delicado e fraco. A vulnerabilidade é uma particularidade que indica um estado de fraqueza, que pode se referir tanto ao comportamento das pessoas, como objetos, situações, ideias, etc.”

Eu confesso que quando assisti, me identifiquei e até me emocionei. Era um período pré-pandêmico, que as pessoas ainda buscavam sentido numa overdose de vida digital exposta. Ser vulnerável, mostrar fraqueza, virou um moeda de alcance, logo, engajamento, consequentemente poder. Daí como tudo na vida, editaram a vulnerabilidade, fabricaram o conceito de ser frágil e daí ele se tornou tudo que não poderia ser, ilegítimo.

Corta para 2025 e seus novos métodos e novas formas de angariar seguidores, número e empatia (outra palavrinha bastante usada nos idos anos 2010): relatable e a ideia de ser identificável, acessível.

Eu tenho um paralelo que sempre penso/uso nessa questão. No universo das divas pop, a Rihanna sempre foi minha favorita, ela parecia mais real, mais bagaceira, problemas de relacionamento como uma reles mortal, genuína, autêntica, fotos não-editadas…. relatable. Corta pra Beyoncé, muito fechada, casamento longevo (o maior problema de relacionamento virou um cd pedrada universal), não dá entrevista, nas redes sociais não dá um pio e as fotos são perfeitas… inacessível.

Bom, as duas uber famosas em questão não encontraram problema algum em seguir tais ideias (diria até mesmo marketing) de super exposição ou discrição, mas para pessoas mais pedestres, ser relatable é a nova moeda, o novo chamariz.

Ok, não tão pedestre ou mundana assim, veja Meghan Markle.

A atriz que virou princesa (ok, duquesa) e agora empresária, está vivendo a relatablização da sua imagem. Os dramas da realeza foram tantos (e muitos envoltos em muito preconceito) que não só ela - a nova “princesa do povo”, como seu marido - o ruivinho favorito da Monarquia, até então com uma reputação inabalável, sofrem com rejeição.

» Na newsletter de hoje vamos falar um pouco mais sobre a nova era da Meghan, seu programa pretensiosamente pinteresco e uma vida muito editada. Cansou?