As collabs mais marcantes da história recente da moda!
Feats de ideias, colaborações financeiras e lucros multiplicados. Os cobrandings da moda seguem poderosíssimos!
Se a moda desse milênio é toda sobe (re)democratização, agradeça às colaborações! O primeiro a ter essa ideia provavelmente mal sabia do grande potencial de marketing e financeiro por trás do encontro de dois expoentes fashion.
Agora a pauta voltou à tona por conta da parceria da Mugler com a H&M. Depois de anos fazendo collabs atrás da outra, a rede sueca teve um período mais discreto e agora volta com sua energia fast e o fashion extravagante e indefectível de Thierry Mugler.
Logo que o feat foi anunciado, muito se especulou como a Mugler faria uma reinterpretação popular de uma marca cheia de elementos marcantes, dna fortíssimo e mensagem única. Eis que depois que surgiram as primeiras fotos, foi confirmado: é mais difícil que antigamente.
Muitas das peças são versões quase que fidedignas do estilista francês, mas com origem chinesa. Para clientes da maison luxuosa, o quão interessante é ver sua marca replicada em versões acessíveis e de menos dígitos? Bom, não se sabe ainda a rejeição da clientela Mugleriana, mas pra Mugler, uma marca tradicional, mas que não está no topo da cadeia fashion, esse marketing e popularização importa.
Ter seu nome espalhado e, principalmente, ventilado entre a potente Gen.Z é sonho de toda marca e uma collab com a popular H&M é meio caminho andado pra essa di$$eminação.
Junte a isso talvez o principal fator e que deve atingir muitas outras marcas de luxo: já que fasts e ULTRAfasts (aka Shein) vivem de inspireds de marcas de luxo, que essas marcas bebam da sua própria fonte e também faturem nesse mundo de dupes.
Em entrevista ao BoF, Casey Cadwallader, designer criativo de Mugler e, obviamente, desse feat com H&M, revelou que muitos dos tecidos usados no atelier da marca foram os mesmos usados na parceria. Não à tóa, as cifras variam tanto, de US$ 49,99 a US$ 749, enquanto as peças da Mugler começam em US$ 470 e chegam a US$ 2.800.
E a matéria reforça essa urgência de grandes maisons a se relacionarem com grandes fast fashions, não só pelo dinheiro, mas pelo branding, quem diria! Custe o que custar.
“Bem-vindo à nova era de colaborações hi-lo, onde a “cultura de dupe” do TikTok ganha vida com parcerias bem sucedidas com as próprias casas de luxo. Antigamente, os designers abordavam com cautela as parcerias com varejistas de fast fashion.
Eles deram aos aspirantes a consumidores de alta costura uma injeção enganosa do DNA de sua marca em troca de luvro e uma plataforma de publicidade global, e esperavam que a visão de seus nomes sagrados em vestidos baratos não voltasse para assombrá-los.”
Minha parte favorita dessa matéria é a síntese do ressurgimento dessas collabs que voltaram a rolar mundo afora (Brasil também tem as suas!), “hoje, as marcas de luxo têm a mesma probabilidade de se gabar de clonar seus maiores sucessos”, ou seja, a galera tá copiando, mas maisons também querem seu quinhão. Se não dá pra competir… que se juntem a eles!
O que é que uma collab tem?
Antigamente toda e qualquer coleção de estilista com fast fashion era baseada no simples: reproduzir de maneira barata e simplificada clássicos e elementos de coleções antigas de marcas. Era relembrar itens antigos e marcantes, seja uma peça específica ou até mesmo estampas memoráveis.
Agora as coisas mudaram, antes se o fator qualidade era muito negligenciado, hoje as pessoas tem mais informação de moda, material e, principalmente, visão de sustentabilidade. Inclusive, com a profusão de brechós e o second hand disseminados, você pode até encontrar o original por um preço similar a de uma collab.
Hoje em dia o público é mais exigente, ainda que, mais do que nunca, se envolva com esse quê aspiracional e com esse aspecto do pertencimento. Na entrevista, o designer da Mugler conta, inclusive, que essas collabs especiais funcionam até como um celeiro de novas ideias e até descartes de desenhos não usados na linha oficial.
A visão do estilista
A colaboração da Mugler x H&M tem dado o que falar e repercutido para muito além do look. Além do Business of Fashion, o New York Times fez uma extensa matéria questionando “Por que as pessoas estã obcecadas - e na porta da H&M - de novo?!”.
Pra responder essa pergunta, eles entrevistaram Olivier Rousteing, aka estilista da Balmain, e que fez uma parceria com a rede sueca em 2015 e que certamente foi uma das mais populares de todos os tempos. E ele foi categórico ao afirmar: “mudou minha vida”.
“Foi um dos três capítulos principais da minha carreira. Foi uma validação, uma prova de meu apelo junto ao público, até mesmo para os críticos que eventualmente não apreciavam minha estética.
Isso mudou meu posicionamento na indústria da moda. Eu ainda era 'o garoto' da moda na época, e às vezes a imprensa era muito dura comigo. Quando viram que os clientes responderam de forma tão gigantesca, acho que as pessoas começaram a perceber que não era apenas fogos de artifício. Minhas roupas, minha visão, funciona.”
Na época ele tinha 30 anos e estava apenas começando à frente da Balmain, sem contar que foi o 1o estilista negro a liferar uma grande maison.
E só comprovou que colaborar com uma rede mundial de lojas como a H&M ainda é um atalho para a visibilidade do estilista, da marca e, esperançosamente, para a aquisição de novos clientes.
E as cifras são absurdas, foi revelado que nomes como Lagerfeld e Stella McCartney faturaram 1 milhão de dólares só pelo nome emprestado, sem contar royalties e lucro sobre peça vendida. OU SEJA!
De volta ao passado: a 1a collab da “era moderna”
Na semana do Met Gala sob o tema Karl, muita gente criticou o estilista alemão (não por suas problemáticas polêmicas, bien sur) pelos seus serviços prestados à moda e de como ele não era tão revolucionário assim. Mas eis algo que mudou a moda como entendemos hoje e foi arte do Karl: a 1a grande collab foi justamente de Lagerfeld com a própria H&M.
O estilista foi o primeiro corajoso a querer se associar à uma fast fashion nesse milênio* e isso lá em 2004 quando nem era pop assim. E mostrava seu lado mais protagonista para além “do estilista da Chanel” e, inclusive, ele também fazia o papel de modelo da campanha elevando o patamar do feat (e da pessoa Karl).
O projeto foi tão influente que uma roupa dele está incluída na atual retrospectiva de Karl Lagerfeld no Met Museum.
*Agora se você assistiu à minissérie Halston (é imperdível!), vai lembrar da decisão polêmica do estilista em se associar com a loja de departamento J.C. Penney, isso tudo há exatos 40 anos e numa época que Hi-Lo era um crime fashion (e que sentenciou Halston). Como pode se ver, não basta ser pioneiro, tem que ter o timing certo e o de Lagerfeld foi derradeiro pra redesenhar a moda moderna.
Todas as collabs da H&M
20 anos de histórias e encontros que marcaram esse novo milênio e a democratização da moda. Houve uma época que coleções esgotavam em questão de horas e também, em questão de minutos, os itens já estavam pelo dobro do preço em sites como o ebay.
E as parcerias eram das mais variadas, de nomes que iam de Versace a Margiela, passando por acessórios (Jimmy Choo), lingerie (Sonia Rykiel), casa (Versace), editora de moda incorporando estilista (Anna dello Russo) e tinha até vestido de noiva à venda (Viktor & Rolf).
Vamos relembrar todas?
2004: Karl Lagerfeld
2005: Stella McCartney
2006: Viktor & Rolf
2007: Roberto Cavalli
2008: Comme des Garcons
2009: Jimmy Choo (fui nessa e postei aqui) - Matthew Williamson
2010: Sonia Rykiel - Lanvin
2011: Versace
2012: Marni - Maison Martin Margiela - Anna dello Russo
2013: Isabel Marant
2014: Alexander Wang
2015: Balmain
2016: Kenzo
2017: Erdem
2018: Moschino
2019: Giambatistta Valli - Pringle of Scottland
2020: Johanna Ortiz - Sabyasachi Mukherjee
2021: Simone Rocha
2022: Iris Apfel
2023: Mugler
Os feats nacionais seguem poderosos!
Ser teve algo que o Brasil adotou com louvor foram as collabs com estilistas gringos, nacionais, nomes consagrados e novos talentos! E vale dizer que geralmente todas muito bem feitas e bem sucedidas no que diz respeito a trazer um outro público e fazer a caixa registradora girar!
Abaixo selecionei alguns nomes marcantes de collabs (pedi ajuda lá no twitter do @fashionismo e foi chuva de nomes e muitos sequer lembrava!) e foquei em 3 marcas que sempre nos presenteiam com boas peças e surpresas!
C&A feat…
Kim Kardashian; Stella McCartney; Diane von Furstenberg; Cavalli; Isabela Capeto; Maria Bonita Extra; Mixed; Renato Kherlakian; Alexandre Herchcovitch; Maria Filó; Andrea Marques; Joulik…
Riachuelo feat…
Lagerfeld; Versace; Moschino; Huis Clos; Paula Raia; Cris Barros; Lethicia Bronstein; Pedro Lourenço; Isolda; Smiley; À La Garçonne e Barbie…
Melissa feat…
Jean Paul Gaultier; Lagerfeld; Jeremy Scott; Zaha Hadid; Vivienne Westwood; Karim Rashid…
Outra collabs icônias…
Farm e Adidas; Fendi e Versace; Gucci e Balenciaga; Miu Miu e New Balance; Louis Vuitton e Supreme; Nike & Tiffany; Dior e Birkenstock…
Por falar em collabs…
7 collabs legais - e recentes! - que vi por aí!
Vert + NK Store e um tênis sustentável (e muito fashion!)
Do nada uma parceria da Arezzo com a Kopenhagen e foco na língua de gato.
Gallerist colabora com Riachuelo num feat inusitado (lança amanhã).
Melissa e Gaultier celebram 40 anos da parceria.
A Fila se uniu à estilista inglesa Roksanda Ilincic para uma collab diferente.
A parceria da Evian com Balmain rende mais que água.
A Reversa resgatou a icônica YES Brasil pra uma parceria que a gente não sabia que precisava
Quem ou qual marca vocês gostariam de ver colaborando por aí?!
Beijos e boa semana!
Thereza
C&A teve collab com Espaço Fashion, Stella McCartney, Issa, Reinaldo Lourenço, 284...comprei alguns itens dessas coleções que tenho até hoje.
vc desbloqueou em mim a necessidade de pesquisar imagens de todas essas collabs.. haha
eu lembro muito da Melissa com a Westwood, e da icônica C&A + PatBo, que foi um surtooooooo
Eu era assídua nos lançamentos de collab, pq trabalhava bem perto do shopping Iguatemi, onde é feito lançamento dessas collabs, era muito massa ir ver, e quando o tecido era merda, era uma decepção só!! rs