Ansiosa com a iminência da ansiedade
Curso em Yale, estudo em Harvard... nós não aguentamos não aguentar mais, mas queremos melhorar!
Gosto de usar esse espaço pra falar além de moda e de beleza. Me sinto num espaço íntimo, pessoal e muito acolhedor, logo, falar de outros assuntos me parece oportuno e natural.
E falar sobre saúde mental é algo que tem me movido. Talvez por conta do trauma da pandemia, do peso da maternidade, da pressão dos 40 anos… e ainda bem. A ignorância eventualmente é uma bênção, mas a informação é algo precioso, logo, naturalmente compartilhada.
Outro dia estava preparando o roteiro de um vídeo novo do #TTtalks, um projeto que criei pro meu Instagram para falar em vídeo aquilo que costumava escrever em textos. Falar sobre moda, beleza, sobre internet, reflexões maternas e contemporâneas, assuntos que adoro e acho que rendem uma boa conversa.
E a próxima pauta será sobre meia-idade SEM CRISE. Mais um assunto que mexe comigo e me intriga justamente pelo fato que ainda leremos muito sobre o assunto, afinal, essa geração millenial - que creio que seja a imensa maioria de leitores do Fashionismo - está entrando nesse período da meia-idade.
E lendo sobre o tema, me pego refletindo de o quanto essa turma millenial vem cheia de peso do tal novo milênio. Tudo que a gente passou, da mudança analógica-digital, passando por crises mundiais, climáticas e uma pandemia pra ~coroar essa entrada na tal da meia idade.
Somos sim uma geração esperançosa, que achava que a internet e o boom digital iam mudar nossas vidas, e eventualmente mudou. Achávamos que com uma ideia na cabeça e um celular na mão íamos fazer uma revolução… mas com a chegada dos 40, muitas coisas não se concretizaram e, por tudo que tenho lindo, aparentemente essa geração é a que vai lidar de maneira mais traumática com esse “entardecer da vida”.
Se a meia-idade, na geração dos nossos pais, se tratava mais de homens brancos estabelecidos decidindo comprar carros esportivos e alugando uma garçoniere para eventuais casos extraconjugais, essa nova geração vai lidar com outras questões mais avassaladoras e no que tange o social, mais precisamente desigualdade e incerteza social.
Mas se há um copo meio cheio, enquanto pautas como saúde mental deveriam estar na nossa cesta básica, também se nota que os quarentões millenials andam mais despudorados. No início do ano, li um report da Meta que falava justamente da “incrível meia-idade”, a mediadolescência, e pontuava que essa nossa geração era a mais interessada em autoconhecimento, autocuidado, em correr mais atrás de paixões e interesses pessoais, em reavaliar relacionamentos, uma mente mais aberta pra novas oportunidades, hábitos, produtos e viver mais conectado com a natureza
Segundo a Meta, os millenials, mais que qualquer outra geração, “buscam se tornar a melhor e mais autêntica versão de si mesmas”. Bonito isso.
Repensando a ansiedade
E o título da newsletter de hoje vem de uma entrevista que li na "The Harvard Gazette" com David Rosmarin, professor de psicologia da Universidade, diretor do Programa de Espiritualidade e Saúde Mental e autor do livro “Thriving with anxiety”. Ele pontua o quanto estamos ansiosos com a iminência da ansiedade. A entrevista completa você pode ler aqui, mas trarei alguns pontos pra cá!
Ansiosos com a ansiedade
O maior gatilho para a ansiedade hoje é que estamos apreensivos com a ocorrência da própria ansiedade. No minuto em que nos sentimos ansiosos, ficamos chateados com isso e pensamos que algo está errado conosco. Essa resposta interna aumenta o fluxo de adrenalina, que por sua vez causa uma cascata de ansiedade porque a ameaça percebida aumentou.
Precisamos reelaborar nossa relação com a ansiedade. Precisamos esperar que às vezes nos sintamos ansiosos. Na verdade, quanto mais produtivos e bem-sucedidos somos, mais precisamos esperar nos sentirmos desequilibrados. Crescerei que, quando nos sentimos ansiosos, não adianta combatê-la – isso piora a situação. Quando chega o fluxo inicial de adrenalina, é hora de apenas aceitar.
Quando podemos fazer isso, a ansiedade deixa de ser algo sobre o que catastrofizamos e passa a ser nada mais do que alguns minutos desconfortáveis. O problema é a percepção de que a ansiedade é uma doença – essa crença é a causa raiz da nossa epidemia de ansiedade hoje, na minha opinião.
Estratégia pra driblar a ansiedade
Anos atrás, participei de um painel no Harvard College e o diretor do Centro de Aconselhamento disse algo que foi realmente revelador. Ele havia trabalhado em um estudo para analisar os melhores “futuristas” de bem-estar entre os estudantes. Houve um factor-chave que foi responsável por mais variância do que qualquer outra coisa: “Eles têm pelo menos um amigo com quem possam falar abertamente sobre preocupações emocionais na sua vida?”
Todos os humanos têm fraquezas, lutas e, às vezes, tensão. Na medida em que podemos ser vulneráveis, abrir-nos a alguém e mostrar-lhe que não somos perfeitos, temos, ironicamente, mais probabilidades de ter bem-estar emocional. A Harvard College é um ambiente altamente competitivo e acho que nossos alunos têm dificuldade quando sentem a necessidade de serem perfeitos 100% do tempo. Nesse sentido, ter ansiedade pode criar grandes oportunidades para aprofundar conexões emocionais com outras pessoas. Abrir-nos aos outros sobre as nossas ansiedades pode proteger-nos e ajudar-nos a prosperar.
O peso das redes sociais na ansiedade
A ansiedade em tempos digitais é maior e muito por conta do gerenciamento de impressões. Mas há outra razão que é ainda mais importante: hoje há muito menos socialização pessoal. Os adolescentes são menos propensos a sair em encontros e a passar menos tempo com os amigos. A maioria das interações sociais é pixelizada, por isso é mais difícil se abrir para outras pessoas.
Para ser emocionalmente vulnerável, é preciso estar relaxado. Normalmente, essas interações precisam ser presenciais. Precisamos daquele abraço ou pelo menos de um tapinha nas costas, então podemos nos abrir: “Estou passando por um momento difícil. Aqui está o que tenho lidado recentemente.”
De Harvard para Yale, da ansiedade pra felicidade
Ainda nessa pesquisa sobre crise da meia-idade, descobri um curso incrível e vindo diretamente da Universidade de Yale. E a melhor parte, gratuito! Segundo o New York Times, é o curso mais popular de Yale!
O Cursera é a ferramenta de cursos online mais famosa do mundo e tem muitos cursos gratuitos feito por professores renomados. O curso em questão se chama “A CIÊNCIA DO BEM-ESTAR”, ministrado pela Laurie Santos, uma cientista cognitiva americana e professora de psicologia da Universidade de Yale.
Ele é basicamente um curso sobre encontrar felicidade e foi desenvolvido pela Laurie depois de notar que cada vez mais os alunos da super concorrida Universidade estavam cansados, ansiosos e deprimidos. O curso começou de forma casual, fez sucesso entre os alunos, cresceu e extrapolou o campus, com isso ela fez essa versão online e gratuita que ganhou o mundo! Recentemente ela lançou uma versão para adolescentes!
Mais de 4 milhões de pessoas já fizeram esse curso e é o segundo com mais inscritos da plataforma (só perde pro curso do criador da plataforma rs) e tem uma nota média de 4.9/5.0, ou seja, vem coisa boa por aí! Tamanho o sucesso, que a Laurie tem também um Podcast chamado “The Happiness Lab”.
Eu comecei a assistir as aulas online essa semana e me vi assistindo uma atrás da outra. Às vezes fico tocada por esse lado motivacional, positividade (eventualmente tóxica rs) e pequenos mecanismos que deixam nosso dia mais suave ou, ao menos, bem intencionado.
Eventualmente pode ser descolado da realidade pensar em felicidade e positividade em meio a tudo que andamos vivendo - especialmente nessa última semana :( - mas também às vezes é o que nos resta buscar um escape e até mesmo um novo sentido e propósito pra vida.
O link do curso é esse aqui e ótimo que tem legenda em português! Quando terminar todos os módulos posso voltar com update!
Cansada de ficar cansada!
Pra finalizar nossa pauta bem-estar, ansiedade e meia-idade, descobri um livro que comecei a ler também essa semana (que vocês perceberam que foi muito produtiva da minha parte rs).
O “Não aguento não aguentar mais” da Anne Helen Pertersen fala justamente como os millenials se tornaram a geração do BURNOUT. E isso pode ser sinônimo pra tanta coisa, cansaço, estafa, depressão e… também estar de saco cheio de sentir tudo isso!
Ainda estou bem no inicinho, mas eis uma boa dica de leitura pra quem se identifica com esse universo e com essas questões que nos acomete!
Beijos e bom feriado!
Thereza