3 coisas que aprendi em Harvard...
Não a Faculdade, na realidade, a revista da Faculdade! Um manifesto pró-ócio e anti-busyness
O ano de 2023 definitivamente é sinônimo de estudo pra mim. Me inscrevi em 3 cursos (que, confesso, um deles está pouco avançado na plataforma do Hotmart), renovei assinaturas de revistas (não só de moda) e sou membro do Business of Fashion e Vogue Business, veículos que me alimentam de inspiração e pautas que funcionam pra todo esse universo Fashionismo e, mais precisamente o FASH!Mail e nossa versão Premium!
Contei nesse post aqui das mudanças no FASH!mail e durante o mês de abril teremos 2 posts por semana, até o início oficial da nossa edição PREMIUM, com 8 posts pra quem assinar nossa newsletter junto com os 2 posts quinzenais, como de costume!
Lembrando que, até o dia 10/04, temos desconto especial para a assinatura anual! Como disse no post, assinar a newsletter do criador de conteúdo que você gosta é mais do que prestígio, é garantia de empoderar nosso trabalho, esforço, e, acima de tudo, receber conteúdos exclusivos e com uma curadoria especial. Estou muito feliz com o retorno de vocês, obrigada pela confiança e ansiosa pelos próximos passos & posts…
Dito isso, onde esse texto, quase que um clickbait rs, entra nessa? É que nessa nova era de mais conteúdo e de assuntos mais profundos, me peguei consumindo de cabo a rabo a Harvard Business Review, uma publicação da Escola de Negócios da Universidade e que foca no mercado acadêmico, corporativo e de carreiras. De primeira pode até parecer "chato", mas a publicação mostra cenários futuros, tendências que vão de profissão a bem-estar, tudo conectado e com excelentes insights pra nossa vida profissional e pessoal também.
Por que eu estou compartilhando tudo isso? Ao ler a última edição, pensei “nossa, que legal, vou compartilhar com meus amigos do Substack” rs e isso uma, duas, três vezes, logo, virou pauta na nossa newsletter! É que aqui é um ambiente tão diferente de todos os lugares que escrevo, parece mais íntimo, pessoal e aonde me permito falar sobre outros assuntos para além da moda. E, se na última newsletter falamos de futilidades, vamos falar de Harvard, mais precisamente de 3 pautas relevantes - e complementares! - que li em suas páginas, logo, compartilho aqui.
Busyness, já ouviu falar?
Pois muito que bem (ou nada bem), conheci esse neologismo na matéria de capa e logo tive um gatilho dessa vida de “parecer ser, mais do que ser”. Como o nome diz, “O negócio de estar sempre ocupado” é um movimento que tem cara de que surgiu das redes sociais, dos tempos em que as blogueiras *rs* estavam sempre correndo de uma reunião pra outra, anunciando ~vem coisa boa por aí e só o que vinha mesmo eram 1927348 pontinhos de stories. Quem nunca?!
Não só no mundo de influência digital, mas essa necessidade de parecer ser ocupado pode ser tática e, segundo Harvard, é armadilha também… contra nós mesmos. “The Busyness Trap - Atividade não é métrica para sucesso” é o que estampa a capa da publicação e traz reflexão de trabalho x lazer, mais trabalho que lazer.
A era busyness ecoa sobre nossa geração que precisa se virar nos 30, conciliar carreira, vida pessoal, mundo digital. Bônus pro momento “slash”, quando você precisa ser "/” alguma coisa, aka pelo menos duas coisas, duas profissões. Ufa, as pessoas de fato estão sobrecarregadas e ocupadas com seus business e o burnout é outra palavrinha em inglês que ganhou o mundo e as mentes.
A matéria (as fotos acima fazem parte da edição e são autoexplicativas) cita que esse ideal busyness, de estar sempre ocupado, buscando ocupação, sendo colocado em ocupação ou simplesmente fingindo ocupação… para parecer ocupado, já é considerado uma epidemia social.
E a geração busyness é carregada no status social. As pessoas identificam e se identificam com outros de perfil-ocupado similar e tudo isso cria um sistema, uma cadeia de gente cada vez mais ocupada… cada vez mais doente. As pessoas consideram aqueles que se esforçam muito como “moralmente mais admiráveis”, independentemente de sua produção ou feito. Se num passado distante, o seu lazer determinava quem você era na sociedade, segundo a matéria, cada vez mais o trabalho é o status social dominante.
Ocupados de fato ou fingindo um corre, estamos oficialmente doentes.
Todo esse excesso de ocupação e de informação cunhou basicamente uma nova doença, a “Time Poverty”, traduzindo, uma pobreza de tempo e pessoas que tem dinheiro ou possibilidade de aproveitar mais momentos de lazer, mas simplesmente nunca tem tempo extra pra nada disso.
Numa matéria de agosto de 2020 (auge da pandemia), a publicação Nature menciona esse efeito como “alta produtividade e baixa saúde" e nada mais é do que a síntese de tempos em que nosso psicológico anda abalado e isso se torna brecha pra uma infinidade de questões mentais. Nada disso deve ser muita novidade, certamente nossos pais passaram por isso, mas agora tem nome, sobrenome e categoria, ou seja, urge a necessidade de debate e solução.
Vamos celebrar o ócio!
A matéria no geral fala sobre como empresas precisam lidar com sistemas e funcionários que vivem nesse modo busyness. Agora enquanto indivíduo, penso que precisamos celebrar o ócio novamente. O ato de não fazer nada, um compromisso com o nada.
Outro dia me peguei com um raro momento livre sem Maria Eduarda e sem função oficial e logo me vi no compromisso de pintar. Adoro. Eis que peguei todas as minhas ferramentas pra aquarela, tinta, papel, pincel, potes d'água... cansei! Até nossos hobbies andam busy. Se na pandemia fomos levados a criar mil atividades extracurriculares pra ocupar o tempo e encher o fogão de pães, o que vai ser da gente nessa era pós-pandêmica e super-ocupada? Nossas distrações se tornam compromisso e acostumam nosso cérebro e rotina a terem hora marcada, mas qual é a necessidade disso?
Longe de ser uma estudiosa de Harvard, mas na minha humilde (in)significância torço para que celebremos mais o ócio.
Habilidade em primeiro lugar (diploma depois)
Mudando de assunto, mas ainda no mesmo aspecto do mercado de trabalho. Outra matéria muito interessante da Harvard Business Review foi na pauta do mercado de trabalho e como a tendência é focar mais em habilidades e menos em currículo.
Certamente o mercado de trabalho brasileiro rege e reage diferente do formato americano, por diversas razões (social, econômica), mas se a Escola de Negócios da principal Universidade dos EUA traz luz a essa pauta, vale compartilhar!
Existe um grupo de talentos enorme, capaz e diversificado, por aí ao qual as empresas não estão prestando atenção suficiente: trabalhadores sem diploma universitário. É hora de focar na habilidade de profissionais ao invés de formação.
A partir do momento que empresas tem esse approach mais fundamentado em habilidades particulares, se evita o desperdício de talentos outrora negligenciados e ainda aumenta a diversidade socieconômica e racial em cada empresa, gerando uma sociedade mais equilibrada.
No mais, empresas que se baseiam prioritariamente em diploma como filtro para preencher cargos, estão cada vez mais contratando de forma ineficiente e negligenciando os trabalhadores de que precisam e de fato sabem mais.
Agora como solucionar uma questão que não é apenas empresarial, mas social? Com empresas criando programas de incentivo para contratação em cargos com foco em habilidades específicas e também modelos de treinamento e aprendizado, especialmente para estagiários (aqui no Brasil temos o Jovem Aprendiz). Grandes corporações como IBM e Delta já tem seus programas de incentivos há anos e adotam a metodologia "construir talentos ao invés de comprá-los” e um futuro baseado em exaltar habilidades e fortalecer comunidades.
Por falar em habilidades…
Em 2019, quando escrevi meu workshop de Conteúdo Criativo e Estratégico, descobri que o Linkedin (uma rede social que pouco uso), lança anualmente um lista de habilidades que os empregadores procuram para formarem o profissional do futuro. E sabe qual era, dentre os mais de 50.000 tipos de habilidades catalogadas, a número 1 e mais valiosa para um profissional? Criatividade! E como andam as coisas hoje?
As soft skills, que focam em aptidões comportamentais, buscam: Liderança; Comunicação; Solução de problemas; Gerenciamento de tempo; Estratégia.
Já as hard skills, habilidades técnicas, mais procuradas giram em torno de: Atendimento ao Cliente; Vendas; Contabilidade; Desenvolvimento de negócios; Marketing digital; Mídia social; Análise Financeira; Engenharia; Programação.
Dito isso, interessante como o mercado, mesmo selvagem, busca formas de se reinventar e de se atualizar. Resta saber como será tudo isso em tempos de chats gpt e inteligência artificial. Bom, isso é papo para o futuro (mas já foi discutido pela gente nesse post passado aqui).
Autossabotagem e as armadilhas do nosso pensamento
Nada mais poderoso do que nosso pensamento, ao mesmo tempo que pode nos levar a sonhos e planos mais profundos, pode nos sabotar no piscar dos olhos. Morra Aarons-Mele - autora do podcast "Anxious Achiever" e de Teds sobre o tema ansiedade, burnout e todas essas mazelas emocionais da vida moderna, escreveu para a revista justamente sobre como pessoas bem sucedidas lidam com ansiedade, cobrança e sabotagem.
Um ponto interessante - ainda que muito perigoso - é como muito dos casos relatados das tais pessoas bem sucedidas é que elas crescem na adversidade. A crítica alimenta, mas o que acontece em compensação? Essas pessoas dispensam qualquer tipo de elogio e entram num círculo vicioso, em ser criticada e provar o contrário. Em ser criticada e exigir de si mesmo nada menos do que o melhor, aí surge outro problema (talvez o busyness de cima ^).
Mas essas pessoas acima são exceção, no geral, as pessoas seguem com sua síndrome de impostor. Temos cada vez mais sucumbido ao que os psicólogos chamam de "armadilha do pensamento", basicamente uma distorção cognitiva, um padrão de pensamento falso e negativamente tendencioso tão arraigado que surge automaticamente para nos enredar. Então não podemos ver claramente, comunicar de forma eficaz ou tomar boas decisões baseadas na realidade.
Traçando um paralelo com minha vida pessoal, mais precisamente psicológica, há uns 17 anos sofro de hipocondria que oscila entre o grave "vô morrê!" ao saudável feito uma vaca premiada. Meu primeiro gatilho veio justamente na época da minha formatura e vem em períodos onde me encontro mais sensível e vulnerável e é totalmente paralisante. E o parágrafo acima é exatamente o meu sentimento e o de um hipocondríaco comum: a gente cria algo tão forte, arraigado e tendencioso (tô doente sim ué), que tudo fica turvo e confuso, ainda que muito real.
Como meu médico diz, é tão forte que temos sentimentos da tal dor de fato, tal qual uma gravidez psicológica. E, nesse caso, envolve também essas armadilhas no que tange trabalho e sucesso.
Como sair dessa sabotagem?
O primeiro passo é entender as várias armadilhas e identificar a quais você está mais suscetível. Então você pode tomar medidas diretas intencionais para se libertar. Foram catalogadas 11 armadilhas comuns de autossabotagem quando o assunto é trabalho, tais como, catastrofização, personalização, culpabilização e tantos outros nomes que eu sequer sabia da existência, mas me identifiquei com o sentimento.
Agora o legal é que onde se identifica o problema, se traz solução. A matéria traça vários métodos para desviar de armadilhas de pensamento e até transformar a ansiedade numa aliada.
Quando controlada, essa emoção complicada pode se tornar uma fonte útil de informação e, por fim, uma vantagem de liderança - mas apenas se você a entender melhor. Faça a si mesmo perguntas como "O que exatamente está me preocupando?" “É uma pessoa, uma situação ou um resultado potencial?” “Por que estou ansioso com isso?”
Quando você identifica a verdadeira fonte de sua ansiedade, pode parar de agir reflexivamente e trabalhar com intenção e foco. É possível fazer as pazes com seu eu “neurótico” e usá-lo a seu favor.
A matéria é muito complexa e valiosa, vou deixar aqui o link pra quem quer ler mais sobre, especialmente se você lida com a tal síndrome do impostor ou até mesmo questões de hipocondria e ansiedade no geral.
Espero que vocês tenham gostado dessas pautas e voltamos com mais novidades, profundidades e aleatoriedades na quinta-feira!
Beijos,
Thereza
amei essa news grandona!! tô feliz que assinei! me senti comprando uma revista Capricho nos idos 2005!!! (pagar por conteúdo que a gente admira e ama consumir é gostoso demais!!)